quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Leia-me

"...Quem diz muito que vai não vai e assim como não vai, não vem..."(Vinícius de Moraes). E você? Vai ou não? É mais fácil continuar, agora que começou... Sabe que para mim, é muito difícil pedir que não vá embora, sempre fui orgulhosa para tudo, até quando não precisava. Mas agora abro uma exceção: Peço que não vá, fique mais um pouco, nem precisa ser até o final, mas não vá agora.

Se você fica eu fico sem saber. Nós não somos os mesmos. É possível estar em mais lugares ao mesmo tempo. E onde fomos parar? No que as coisas se tornaram, se tudo se modifica de uma hora para outra? Você nunca soube, nem eu sabia. Quem somos? Quem fomos? Pergunte isso às paredes mudas que de tudo são testemunhas. Da minha e da sua loucura. Se você lembra do meu medo ridículo ou da minha neurose já diagnosticada, mas não tratada, da minha distância sem medida, você também se lembra da minha voracidade, da minha ânsia em ser algo mais, em ser quem eu sempre quis ser. Sabe onde eu estive? Eu também não sei. E você? Como chegou onde ninguém mais ousou estar?
Se não fosse um gesto, se não fosse o pensamento, se não fosse o disfarce, se não fosse a chance. Se não fosse um simples convite. Se não fosse a absurda estranheza familiar das coisas. Se fosse um universo paralelo onde todo o ocorrido, não ocorreu. Quem dirá? Não as paredes mudas. E eu não estava lá. Eu saí de mim, não sei bem em qual momento. Mas você me viu e me adivinhou.
Já tinha pensado nisso, mas a decisão definitiva foi de última hora. A convicção sempre acontece na última hora... Não importa se ela te acompanha até os instantes finais. E eu fui.


"...Quem diz muito que vai, não vai. E assim como não vai não vem.
Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém."