domingo, 24 de agosto de 2008

Sua voz

E o que mais é preciso, se às vezes uma palavra já é demais? Eu não perderia meu tempo tentando explicar os meus mais preciosos segredos se isso implicasse em deixá-los para trás. Algumas coisas nunca poderão ser substituídas. E se é um pedaço de mim que eu deixo com você, não importa, nem me dói. No fundo tudo isso já é seu. Escuro demais, forte demais. Mesmo em sua expressão de quase dor eu vejo uma alegria. Uma felicidade triste, de sonhar, de estar vivo, de fechar os olhos e desejar morrer, morrer para o mundo, quando nada mais existirá além de uma palavra: aquela que você me disse baixinho quando achei que nunca fosse ouvir.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Da grandeza das pequenas coisas...

A falta de medo me domina algumas vezes. E a calma se constrói serenamente, sem nenhum sinal de alerta. Não sei qual força me puxa para perto. E cada vez mais perto. A noite sombria toma forma de alvorada. Não sei qual força faz com que eu exista agora e aqui. Eu sei que nunca me lembrarei de todas as suas palavras, nem quanto tempo estivemos ali, mas tudo que eu não lembro já está em mim. Sei do silêncio, sei dos pequenos focos de luz, sei de um ou outro despertar sonolento. Mas sei acima de tudo, da força de sua fala. Não foram suas palavras, mas sim tudo evocado por elas. Nenhum grito ou berro, falaria mais alto do que aquele sussurro ao pé do ouvido. E aquelas lágrimas atingiram em cheio o meu coração como nenhum punhal ou lança poderiam ter feito. É assim que a gente descobre que tem coração? Foi aquela intensidade, a sua intensidade me fazendo desmanchar ali mesmo. E a minha redenção anunciando que depois de todas aquelas palavras, nada seria o mesmo. E não acreditei na minha sorte. Foi o meu íntimo questionando o meu destino surreal: Como pode existir algo tão grande, em um universo tão pequeno?