sábado, 15 de novembro de 2008

Saiba...

Há muito tempo eu esperei por algo maior. E quando chegasse, eu saberia que esse algo iria ser tudo que eu jamais conseguiria de novo, sem nunca ter conseguido. Algo que não era meu e eu nunca iria ter. Mas me veio o mistério. Como eu poderia dizer aquilo que eu só conseguia pensar? Como eu poderia pensar aquilo que eu só conseguia sentir? E como te fazer sentir aquilo que eu sentia? Observem-me nesse momento. Eu estou plena. Diga a você mesmo "quem sou eu?", diga porque você sabe como. Só por isso.
Eu não esperaria se eu não pensasse que valeria a pena. Eu não arriscaria. Eu não daria uma chance ao mundo se não soubesse que ele pode surpreender. Olha só pra mim. Olha só pra você. Eu disse uma palavra. Você se lembrou de algo. Eu lembrei de você. A palavra foi embora. Alguém a ouviu e lembrou de alguém. E tudo no mundo interligou-se em uma corrente infinita. Poderia ser o que eu menos esperava, até do que eu tive medo. Mas eu deixei, simplesmente deixei. E o mundo abriu-se em possibilidades. Não é tão difícil assim, sabe? Viver...
Se você é aquele que aparece vez ou outra pra mostrar que ainda existe ou se você é aquele de todos os dias, mas que mesmo assim espero ansiosa para encontrar. E estar no meio de tanta coisa. Porque você é tudo que eu jamais poderei entender.

sábado, 8 de novembro de 2008

Da fuga

Ele estava bêbado, ela também. Entraram no carro depressa. Ela vomitou, ele também. O azedume do vômito infestou o estofado, ela o beijou. "Quero ir pra casa". O sorriso dele era de inocência, o olhar, de desejo. "Vamos agora". Ele colocou a chave na ignição e girou-a. O carro deu um salto para frente e morreu. Os dois riram e se beijaram. "Eu te amo". Ele tentou tirar o carro com cuidado, derrubou a placa, bateu de leve na árvore. Os dois riram de novo. Ele saiu dirigindo em zigue-zague, ela rindo. Na rua, motoristas xingavam e buzinavam. "Esses imbecis não sabem dirigir!". Ela olhava séria pela janela. "E se nós morrêssemos agora, Alberto?" O olhar era de piedade. "Não vamos morrer, eu tomo cuidado". Parou um pouco antes de replicar, "mas se acontecer alguma coisa? Sabe que a qualquer momento...Quer dizer, sempre tem perigo. O sinal vermelho, o sinal vermelho!" , ela abanou as mãos deseperada sem ter o que fazer para controlar o carro. O pneu cantou um pouco antes de parar de rodar. Sabe que só por estarmos parados aqui, pode vir alguém, atirar, e a gente... Morre!" Os olhares de questionamento, de vontade, de tristeza, de paixão, de medo, de peloamordeDeus. "Então vamos fugir do perigo, meu amor! Foge comigo, foge!?" As lágrimas de alegria e desespero inundaram os olhos. "Não quero ter medo..."Começou a acelerar. "Foge comigo antes do sinal abrir?" Ela só apertou seu braço, ele pisou fundo. "Nada vai nos alcançar, meu amor!" A velocidade aumentava. Os risos de alívio eram dela. Os de felicidade eram dele. "Vamos fugir do perigo!", ele gritava, mas foi o silêncio que reinou quando foram de encontro a outro carro. Ele morreu, ela também.