Ele estava bêbado, ela também. Entraram no carro depressa. Ela vomitou, ele também. O azedume do vômito infestou o estofado, ela o beijou. "Quero ir pra casa". O sorriso dele era de inocência, o olhar, de desejo. "Vamos agora". Ele colocou a chave na ignição e girou-a. O carro deu um salto para frente e morreu. Os dois riram e se beijaram. "Eu te amo". Ele tentou tirar o carro com cuidado, derrubou a placa, bateu de leve na árvore. Os dois riram de novo. Ele saiu dirigindo em zigue-zague, ela rindo. Na rua, motoristas xingavam e buzinavam. "Esses imbecis não sabem dirigir!". Ela olhava séria pela janela. "E se nós morrêssemos agora, Alberto?" O olhar era de piedade. "Não vamos morrer, eu tomo cuidado". Parou um pouco antes de replicar, "mas se acontecer alguma coisa? Sabe que a qualquer momento...Quer dizer, sempre tem perigo. O sinal vermelho, o sinal vermelho!" , ela abanou as mãos deseperada sem ter o que fazer para controlar o carro. O pneu cantou um pouco antes de parar de rodar. Sabe que só por estarmos parados aqui, pode vir alguém, atirar, e a gente... Morre!" Os olhares de questionamento, de vontade, de tristeza, de paixão, de medo, de peloamordeDeus. "Então vamos fugir do perigo, meu amor! Foge comigo, foge!?" As lágrimas de alegria e desespero inundaram os olhos. "Não quero ter medo..."Começou a acelerar. "Foge comigo antes do sinal abrir?" Ela só apertou seu braço, ele pisou fundo. "Nada vai nos alcançar, meu amor!" A velocidade aumentava. Os risos de alívio eram dela. Os de felicidade eram dele. "Vamos fugir do perigo!", ele gritava, mas foi o silêncio que reinou quando foram de encontro a outro carro. Ele morreu, ela também.
sábado, 8 de novembro de 2008
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Um comentário:
cruel.
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