É onde você enxerga coisas que não existem. Já sentiu o mundo assim, tão estranho?
Sentada no sofá, eu olho o tapete. Ele não tem razão de existir, ele não precisa estar ali. Sua função é unicamente estética (e isso é ruim?).
Olho para a lâmpada, ela me ofusca. Sem a luz que ela me oferece, estaria em plena treva.
Ouço aquelas notas. Por muitas vezes me fizeram chorar (será que alguém está chateado comigo?).
Sinto que magoei alguém, com minhas palavras quase sempre tão rudes.
Encaro a porta, na esperança de que algo apareça. Poderia ser qualquer coisa. Até quem sabe, um extraterrestre, um espírito, uma besta de sete cabeças, algum fruto de minha imaginação. A sombra e nada.
Um calafrio me percorre a espinha e tremo por alguns segundos. Não suporto o silêncio e certos sons me põem medo. Mas é um medo assim, de nada, um medo sem razão. É normal acontecer quando se está só, não é?
A luz ainda continua a me iluminar. Serei eu lâmpada ou tapete?
Sabe aquela música? Que faz assim: taaa- ra-ra-ra-ra-raaaa... Ela nunca mais vai sair de mim. É como escutar meu coração bater em uníssono com seus tambores, e sentir passos grandiosos, sentimentos grandiosos. Serei eu música ou silêncio?
Olho novamente para a porta, nossa visão nos prega peças. Principalmente em momentos de... Devo dizer? ...medo. Mas nada se encontra lá. Se te magoei, por favor me perdoe. E ninguém apareceu.