quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Narração sem cotovelos nem joelhos


Eu não escrevo histórias. Elas também não me escrevem.
Tudo são palavras dispersas no papel, algumas vezes fazem sentido, em outras, sentidos não fazem algum. São resultados de momentos vazios. A palavra sou eu, porque vem no momento em que eu não estou aqui, ou ali, ou lá. Minha história não tem fim, nem começo. Uma circunferência rodando em campos infinitos, sem sentido algum. Minha história não tem fatos, nem feitos. Minha história não foi, será na incerteza do não ser. Minha história não tem espaço, nem tempo, nem enredo, nem personagem. Só sensações, nem são sentimentos, são sensações no vazio, um nada no vazio. Um sentido sem corpo e uma vida sem alma, minhas histórias são assim. Sem objetos, sem pessoas, sem tudo do que o mundo é composto, um vazio. Minha história não é uma descrição, é uma imagem, o sentir sem saber, sem perceber. Minha história é uma mentira acreditada, o que não deixa de ser uma verdade, porque a verdade nada mais é do que uma mentira bem contada. Minha história é abstrata e foge, escorre, some. Mas eu são sei escrever histórias, porque só entendo outra língua. O idioma espaço-tempo não funciona. Não narro o passado, porque o futuro pode transformá-lo, o presente faz o futuro e antes que resolva falar do presente ele já foi: passado. Minha história é dupla, tripla, quádrupla e única. Sem peso, sem tamanho, sem começo meio e fim, e muito menos fim meio e começo, sem cor, sem chão, sem saber, sem mancha, sem voz, sem mão.
Minha história é, ponto na outra linha parágrafo

4 comentários:

Natalia Novais disse...

ponto na outra linha, parágrafo e letra maiúscula.
¨¨ A Suh é foda!




adorei o texto.

Luciana disse...

Palavra
Tenho que escolher a mais bonita
Para poder dizer coisas do coração
Da letra e de quem lê
Toda palavra escrita, rabiscada
Um joelho, guardanapo, chão
Ponto, pula linha, travessão

E a palavra vem
Pequena
Querendo se esconder no silêncio
"Querendo se fazer de oração
Baixinha com altura da intenção,
na insegurança
Vírgula, parênteses, exclamação
Ponto, pula linha, travessão

E A PALAVRA VEM
VEM SOZINHA
QUE A MINHA FRASE INVENTO PRA TE CONVENCER
VEM SOZINHA
SE O TEXTO É CURTO AUMENTO PRA TE CONVENCER

Palavra
Simples como qualquer palavra
Que eu já não precise falar
Simples como qualquer palavra
Que de algum modo eu pude mostrar
Simples como qualquer palavra
Como qualquer palavra.

me lembrou esta musica, que alias eu gosto muito.

"Não narro o passado, porque o futuro pode transformá-lo", e como não repetir as palavras da Nathalia?

"¨¨ A Suh é foda!"

Luciana disse...

vc me chamou de esquizofrênica?
usadhuisahsaduihuisah
a música é do Teatro Mágico e se chama adivinha? 'palavra'
shsuhushush
te mando ela qualquer hora
=)
beijao suh

lisspow disse...

se tivesse começo, meio e fim é que talvez não teria sentido. não sentido no sentido físico da palavra, que se diz de um significado, uma resposta, uma coisa assim pronta, com começo, meio e fim. mas um sentido no sentido do que você tem sentido quando está sem começo, meio e fim.
nossa, viajei!