terça-feira, 29 de maio de 2007

Em que Deus você acredita?

Um dia, eu fui rezar. Rezar não, porque não sei como se reza, nunca soube, sempre fui daquelas que inventa o que vai dizer, não sei se Deus se importa, só faço isso porque O tenho acima de tudo como um grande amigo, por isso dispenso as formalidades de chamá-lo de vós e outras coisas. E me lembro do tempo de criança que diziam para eu temer Deus, que Ele ia me castigar se eu fizesse coisa errada e que se eu não pedisse perdão ia pro inferno. Porque as pessoas dizem isso? Se Deus está lá, não é pra castigar ninguém, é pra auxiliar, pra guiar, pra proteger. Temê-lo é uma forma imatura de acreditá-lo. "Você não teme a ira de Deus?", mas Deus tem ira? Eu deixei tudo isso, agora é do meu jeito, é o meu Deus, que está lá pra ajudar e não pra condenar. Às vezes olha feio pra mim, desaprovando minha atitude, mas não me pune por ser humana. Naquele dia, em minha prece, não sabia o que dizer. Há quanto tempo não rezava, ou falava com Deus. Decidi começar com desculpas por essa demora, mas tinha feito tantas outras coisas piores pra pedir perdão... E deve ser impertinente começar uma prece com um pedido desses. Me ocorre a seguinte pergunta: Será que Deus gosta de nos ouvir? Somos tão egoístas ao falarmos com ele e se não somos, não estamos sendo sinceros... "Deus, perdoe-me por ser de um mundo tão pequeno". Mas o que me faz pensar que é só pedir perdão e tudo bem? Será que é tão fácil assim? Fazemos já sabendo que é errado, na esperança de um perdão. Mas errar é humano, não é? E perdoar é divino, sim... Então qual é o propósito de tudo isso? Comecei diferente: "Deus, me dê forças para..." Que frase mais comum! Eu não sei mais rezar, nunca soube. O que eu posso dizer que ele ainda não saiba? Talvez não rezemos para Ele, e sim pra nós mesmos, para ficarmos cientes dos nossos desejos, das nossas decepções, entre outras coisas. E lembrei-me da época em que quase deixei de acreditar em Deus. E pedia pra continuar tendo fé. Então percebi como precisava dele, se até nas horas de descrença era a Ele que eu recorria. Também percebi que não é Ele que depende. O fato de acreditarmos ou não, nisso ou naquilo, não muda a realidade. Quem sou eu para dizer o que é ou não? Eu não posso provar nada, só posso escolher. E essa é a ironia em que caímos: podemos escolher. É legal pensar que às vezes, alguém pode resolver as coisas pra gente, que decide o que é melhor e mesmo que seja sofrido talvez seja mesmo o melhor. Eu gosto de pensar que existe alguém cuidando das coisas por mim, porque esta é uma grande responsabilidade. Eu que não entendo a maioria das coisas, por isso queria que existisse um porquê para elas, mesmo que eu não o saiba. Eu não sei, não sei mesmo, por isso gosto de acreditar que tem alguém que sabe. Sem Ele, como eu poderia viver assim tão humana? Criatura tão pequena, pobre e perdida. Como eu poderia viver sem Ele? Pra ter alguém quando estou sozinha, que possa me dizer o que fazer quando estou confusa, que entenda o que não entendo, que me protege quando nem eu sei o risco que corro, como eu poderia não acreditar em alguém que não desiste de mim, mesmo conhecendo meu lado mais obscuro? "Deus, eu sinto pelos meus erros e espero que me ajude a consertá-los, eu sinto pela minha ignorância e espero que me ajude a pelo menos disfarçá-la. Obrigada por não perder a fé em mim, mesmo quando a minha enfraquece. Obrigada por estar aí quando eu estou distraída e esqueço de cuidar das coisas. A capacidade de entender o mundo não é minha e é inquietação, nada talvez seja pior que a imperfeição humana, o que não entendo, entrego. Tenho a despretensão de querer o mundo, mas nada aqui é meu, nem mesmo eu." E olho pra estrela distante, "obrigada por me dar a capacidade de sonhar", em qual Deus? No meu, ora essa! "Se é o barulho com o qual me assusto à noite, se é a paz que vez ou outra sinto, se é minha auto censura me dizendo o que fazer, eu não sei. Mas eu quero acreditar, essa é a minha escolha. Se está lá ou não, vivo melhor achando que sim. Sinto-me mais tranquila desse jeito, mesmo tendo tantas dúvidas que ainda não estou pronta pra esclarecer. E isso é tudo que eu tenho, em várias formas, se podem me entender. Só a minha ambição, mas minha sabedoria é o que eu não sei, e eu não sei o que é melhor pra mim, pois eu só passo pela vida. Amém."
"Meme" recebido de Lisiê, do Paranóia Delirante. E agora repassando a Vacy, do Imaginação Grátis e a Jack, do Estranho mundo de Jack.

terça-feira, 22 de maio de 2007

A confissão

"_Eu me arrependo:
Eu menti, eu escondi, eu errei, eu destruí
Eu matei, eu esqueci, eu sonhei, eu desisti
Eu devorei, eu insultei, eu não liguei, eu bati
Eu fingi, eu maltratei, eu criei e não pedi
Eu fugi, eu roubei, eu ajudei a trair
Eu pensei, não fiz e até por isso senti
Eu falei, eu ocultei, eu julguei, eu condenei
Eu confundi, eu delatei, eu neguei e distraí
Eu mandei, eu me meti, e desobedeci
Eu não tentei, eu humilhei, contrariei e excluí
Ignorei, reprimi, prometi e não cumpri
Tantas coisas, tantas coisas...


_Calma criança, que o santo não é esse aqui!"

quarta-feira, 16 de maio de 2007

O meu mundo sem mim

Um dia eu quis parar de pensar.
Pois meus pensamentos me incomodavam.
E se eu parasse, não teria como ficar com peso na consciência se eu os esquecesse.

Eu quis parar de pensar porque eu não me deixava em paz.
Porque eu estava me enlouquecendo.
Quis parar para não precisar mais ouvir as coisas absurdas que penso.
Eu quis parar porque não me aguentava mais.
Mas eu não saio de mim.
E tudo o que eu queria era parar de ter comigo essas amarras e fugir de mim mesma, nem que fosse só por um instante...
E se eu conseguisse fazer isso?
O que eu seria sem mim?
Me encontaria no vazio entediante do nada? Pois eu, sem mim, deixo de ser.
Ou na diversidade do tudo que existe? Pois sem meu pensamento guardião, qualquer coisa poderia entrar e ser eu.
Eu sem mim: sou tudo, ou não sou.

domingo, 13 de maio de 2007

"Vic, não tem porque guardar tudo. Chega de dosar as coisas. Chega de pensar tanto. Chega de ter medo. Não tem porque adiar as coisas, um dia elas vão vir à tona! Lembra, Vic, lembra? A angústia é o seu problema pedindo pra ser solucionado...Lembra disso, Vic? Onde foi que a gente leu isso mesmo? Não importa, pára com isso, pára! Olha pra mim quando eu falo com você! Não tem problema chorar, Vic. Você sabe que é verdade, e que a verdade dói, mas eu não falaria isso se não fosse tua amiga. Presta atenção, presta. Às vezes eu temo por você, Vic. É sério. Eu quero te ajudar, não tem porque complicar as coisas. Assim você só aumenta seus problemas. Me escuta, Vic. Que mania essa a minha, de te chamar a atenção toda a hora...Mas essa história, ainda não tem fim e talvez não acabe nunca, porque quem a começou não sabe continuar. Sabe, essa nossa história, da qual somos personagens protagonistas. Mas ela nasceu e nós ganhamos vida, Vic! E agora falamos por nós, temos até personalidade, a escritora que nos abandonou, nem ela sabe o que vai acontecer no final, mas tudo pode acabar bem querida, não chora."

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Rua no Outono

E às vezes nada mais parece importar, e eu me transporto dessa vida. Nada mais existe, e isso não causa dor. E me sinto à vontade pra olhar as pessoas passando, como se eu fosse invisível e para elas eu sou, pois estão apressadas demais pra notar, estão concentradas demais, e eu me sinto prejudicada por não ter essa capacidade de me concentrar a qualquer hora. O outono chegou, e além das minhas mãos, o tempo também parece congelar. Será que eu errei demais? Pelo meu orgulho de nunca pedir desculpas, pelo meu egoísmo de não partilhar nada, por não estar sempre dispónivel como disse que estaria, por estar alheia a tudo e não ter a devida paciência. Pra onde vão esses carros? Pra onde vai o menino na calçada? E sinto pena, pelos outros que não conseguem congelar o tempo, pela borboleta que não viverá até o inverno, pelos que encostam a cabeça no travesseiro e pensam no amanhã, e pelos que não têm travesseiro pra se encostar. Eu sinto muito e espero que me perdoem por ser tão pequena, eu tento, mas sou atrapalhada ou não tento o suficiente. Mas eu sei que parar o tempo é só na minha cabeça, que a gente deve continuar não importa o quê, mas afinal, quem disse isso? Com quem eu estive falando? E por que ninguém respondia? Por que eu não tenho essa sensibilidade da audição, pra ouvir o que ninguém mais pode? Enquanto todos querem ver menos, e ignoram a borboleta que luta com o vento gelado do outono. É a vida acontecendo, mas ninguém vê.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Um dia de chuva e um jogo de tabuleiro

A chuva cai tranquila lá fora. O céu está escuro, embora ainda seja dia. O que pobres mortais podem fazer sem eletricidade?
_Vai! Sua vez de jogar os dados!
_Ah, tá certo. Sorte, sorte...1,2,3...Ahá! A avenida Rebouças é minha!
_Ah...Mas eu tenho os outros azuizinhos...Quer trocar pela Rua Europa?
_Dá licença que agora é minha vez! Depois vocês fazem as negociações.
_Sorte-Revés. Você recebeu uma herança, receba 200!
_Agora sou eu! Meu Deus, vocês já colocaram hotéis?? E eu vou passar por aqui!
_Hahahahaha! São quase todos meus!!
_1,2,3,4,5...Droga! Eu não acredito que caí nas suas casinhas de novo!
_Pode ir passando a grana!
_Mas eu tô pobre!
_Vai hipotecando suas coisas, então...
_Toma aqui, magnata!
_Dá licença, agora eu vou colocar hotel lá em Copacabana!
_Mas...Da onde você tirou tanto dinheiro??
_É, você tá roubando!
_Não estou coisa nenhuma!
_Olha, enquanto vocês vão discutindo, Eu vou por as casinhas lá no Interlagos!
_Olha aí a outra, trapaceando! O Interlagos nem era seu!
_Vocês roubaram!
_Ei! Quem pegou a minha nota de 500?
_Suas trapaceiras! Hahahahahaha!
_Eu já estou falida e vocês ainda me roubam??
_Coitada! Devolve o dinheiro dela!
_Como você sabe que fui eu que peguei?
_Porque você queria compensar essas notas de 100 que eu peguei de você! Hahahaha!
_Depois eu que sou a ladra!
_É uma pior que a outra!
_Ninguém joga sério!
_Pra quê jogar sério se o mais divertido é trapacear?
_Há quanto tempo a gente não joga isso?
_Sei lá, bastante...
_Olha! A energia voltou! Agora eu posso assistir àquele filme!
_E eu preciso voltar a estudar...
_E eu tenho que terminar de digitar o trabalho.
"Bem que a eletricidade podia acabar mais vezes"

sábado, 5 de maio de 2007

Por Incrível que Pareça, Eu Tenho Algo pra Fazer.

Eu estou escrevendo aqui, algo que não irá melhorar a minha nota nas provas, que não adiantará os meus trabalhos e que não fará a menor diferença, mas e daí? Por incrível que pareça eu tenho algo pra fazer. Eu estou escrevendo uma inutilidade, mas quem se importa? Especialmente com inutilidades?
O tempo passa e nenhum dos meus deveres é cumprido, mas e daí? Por incrível que pareça eu tenho algo pra fazer. Eu poderia estar ocupada com qualquer outra coisa, mas estou aqui e não quero estar em outro lugar, eu preciso estar em outro lugar. Mas eu quero ficar aqui. E me vêem ficar de bobeira, e me vêem fazer “coisas de criança” ou coisas inúteis, como cada um prefere chamar, mas e daí? Por incrível que pareça eu tenho algo pra fazer. E me vêem prestar atenção em coisas bobas e me olham pensando e se perguntam: “essa menina tem algo pra fazer?” Por incrível que pareça, sim. Não seria ótimo se só fizéssemos o que gostamos? As melhores invenções não foram originadas no tempo livre? Os maiores gênios não faziam tudo o que fizeram por paixão? O esforço não é enfadonho quando é escolha. Pois então...Quantos deveres, quantos! Que todos têm, inclusive eu (por incrível que pareça), e sonham com o dia em que poderão dizer que têm algo que querem fazer.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Os mistérios do café-sem-leite

Outro dia a gente estava de bobeira no sofá da sala. Parada, sem falar ou fazer nada, olhando pro teto. Ela foi buscar café (é o seu vício). E quando ela voltou, vi que estava olhando fixamente para dentro da xícara:
_Caiu um bicho aí dentro?
_Não...-disse ela num tom distante.
_Então o que foi?
Sem dar importância à minha pergunta, ela disse:
_De que cor é o café?
_Café é preto.
_Então por que quando a gente mistura no leite, que é branco, ele fica marrom?
_Ah...Ele deve ser um marrom bem escuro, então. Quase preto.
_Mas qualquer um diz que café é preto. As pessoas pedem:"café preto, por favor".
Dei uma gargalhada porque ela encenou a última frase como uma madame.
_Então a Coca-Cola, também deve ser marrom.
_Que bobagem, como você sabe? Já pôs leite na Coca-Cola pra ver de que cor fica?
_Olha quem vem me falar de bobagem! Foi você que levantou essa questão idiotíssima!
_Idiotíssima? - ela soltou uma gargalhada - existe este superlativo?
Eu ri também:
_Não sei, se não existe eu acabei de inventar!
_Que outras palavras podemos inventar?
_Ei! Agora me lembrei! Tem a cor de um esmalte que é "marrom café"!
_A gente podia fazer uma cor mais clara e dizer que o nome é "marrom café-com-leite".
_Então o mais escuro chamaria "café-sem-leite" ou "Coca-Cola-sem-leite".
_Ai! Já te disse pra parar com esta da Coca!
_Quer apostar quanto que ela é marrom?
_Aposto essa minha xícara de café!
_Então vamos lá!
_Aonde?
_Por leite na Coca-Cola, que pergunta!
_LEITE NA COCA-COLA???
_É - respondi tranquilamente.
Ela encolheu os ombros dizendo:
_Então tá!
Moral da História: O tédio deixa as pessoas retardadas!

As mordomias da internet e eu

Mas que droga! Por que eu não consigo encontrar nada pra escrever no primeiro post?
Pra falar a verdade, sempre entro nessas de internet com um pé atrás. Sem aquela certeza, ou empolgação pra fazer um e-mail, um orkut, um blog. Sei lá...E se eu não quiser mais mantê-lo? Aí abandono, nunca mais acesso e esse material todo vai ficar flutuando por aí nos emaranhados da rede? Internet é um treco assustador! Pra onde vai tudo isso?? Enfim, sempre dou o último click com um "então tá, vai lá...". Porque eu continuo fazendo isso? Porque é fácil. Eu recebi um convite pra fazer o orkut e foi só aceitar, preencher algumas coisinhas e estava pronto! Com o blog, foi só entrar no site, preencher mais algumas coisinhas e acabou! Nem termino de me decidir e já está lá, prontinho. Ou será que é mais forte do que eu? De qualquer maneira, é sempre muito fácil...E é com essa facilidade que eu vou entrando nessa "vida online".