A dor veio de novo. Se a dor fosse proporcional à intensidade da minha vida eu poderia dizer que me sentia mais viva do que nunca. Aquela agulha lancinante no peito. Ai, a dor. Nunca pensei que certas coisas me afetassem tanto. "Eu não sou de ferro, eu não sou indestrutível, eu não estou imune" repetia para mim mesma, enquanto andava curvada com a mão no peito, sofrendo uma pressão que nunca sentira. Por um momento pensei ser vítima de um ataque cardíaco, o que me apavorou ainda mais. Mas não. Era dor da perda, a dor da vida. Eu tive um colapso. Assustei-me porque pela primeira vez, não conseguia de forma alguma controlar meu corpo, ele tremia. Foi assim a minha primeira dor? Foi, fui eu quem ficou fraca demais para aguentá-la. Subitamente lembrei de coisas banais do passado. Nada tinha ligação até esse momento.
De tanto esperar o inesperado, nada poderia me surpreender. Chega o momento mais intenso e ele passa assim, sem deixar marcas que eu possa um dia mostrar para alguém. De tanto querer. De tanto sonhar escondido e desejar em segredo. Chegou a minha "hora da Clarice", "hora da estrela". Não foi o que eu esperava, aliás eu não esperava, e talvez por isso tenha sido tão diferente, eu não tive tempo de idealizar.
Eu soube que durante a vida inteira eu fora abençoada com a incerteza e a dúvida. O que eu via como meus tormentos eram os meus bens mais valiosos. Foi assim. Não mudei, continuei a mesma depois do choque. As coisas podem não ser o que esperamos.
Nunca entendi o que eles queriam, e sempre tive medo de decepcionar.
Nunca entendi o que eles queriam, e sempre tive medo de decepcionar.
É isso sua epifania?
Sei. É decepcionante, mas eu não ligo.
Um comentário:
creio que voce espero tanto que quando chegou voce nao soube o que fazer com o momento, mas aquela velha historia ainda ha tempo pra tudo.
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