Essa figura me atormenta, está sempre ali e tenho visto com mais frequência. Poucas vezes sinto medo, não penso que ela possa fazer algo contra mim, talvez porque eu já não sou eu. É inconsolável essa angústia. Eu me perdi, não só me perdi, como perdi a mim, entendes o que quero dizer? É isso, a coisa da qual mais tenho medo. De estar em um corpo não familiar, em um lugar que me é estranho, com pessoas não conhecidas, sem nada em que possa me apoiar, assim, sem chão mesmo.
Não vês? Estou agonizando aqui dentro! Não existe herói particular, nessas circunstâncias devemos ser os nossos heróis, mas minha incompetência impede que eu me salve.
Tu não entendes, caro amigo, como é, porque eu não sei explicar e a tua dor eu nunca senti.
Não te conheço, tu não me conheces, é esse meu maior presente. Se não tenho passado, poderei ao menos começar agora. Não lembro de muita coisa, mas o que lembrar, guardarei como uma preciosidade. Dá-me teu apoio, sejas minha muleta, caro amigo, estranho querido, pois aleijei-me e não posso mais caminhar.
Assim fui condenada, a caminhar tão só e acorrentada, assim como tu também fostes. E é em nossa trajetória que eu mostro como eu também te sirvo, como eu te guio, mesmo estando na mais profunda incapacidade. Eu entendi quando minha hora chegou. E eu fui por vontade própria. Sabia da dor, do sofrimento, da tristeza, do fim, mas o importante é que isso fazia sentido agora. Eu nunca iria entender posteriormente como era importante essa decisão, por que aconteceu e quem decidiu.
No fim das contas não existe o próprio fim, e consequentemente, nem fim das contas.
Esperei a dor voltar, ela iria ser o meu sinal e eu estaria pronta para ela.
Não penses que já foi. Só está impedido o que tu queres.
Demorei um pouco para perceber a Existência.
Um comentário:
vc vai confiar em um estranho. Ja é um grande passo =)
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